Em 1978 me deparei pela primeira vez com esse personagem real, Liberato Leite de Farias, conhecido pelo apelido de Laquicho, nascido em Frutal, Minas Gerais, em 1868 e que chegou a Dourados no ano de 1898 onde faleceu em 1946. Assistia a uma sessão da Câmara Municipal quando um vereador para insinuar que o projeto em análise era uma mentira, sapecou a expressão até aqui o Laquicho vai bem. Socorri-me com meu estimado amigo Sultan Rasslan àquela época presidente da Câmara, que me explicou a origem da expressão. Laquicho, disse-me ele, era um excelente contador de causos, o melhor da região e quem sabe do Brasil. Certa feita Laquicho ficou sabendo da existência de um potro indomável, já tinha derrubado e levado à morte ao menos oito peões. Resolveu montá-lo. No dia combinado muita gente foi ao local para comprovar a façanha. As famílias com suas charretes, os moços montados à cavalo, enfim, uma verdadeira festa. Laquicho montou e o potro saiu em disparada, corcoveando, bandeando-se de um lado para o outro. Os moços presentes, pressentindo o perigo montaram em seus cavalos e saíram atrás do potro já com a intenção de socorrer o cavaleiro. Laquicho também teve o pensamento de que a rapaziada viria atrás, então, para facilitar-lhes a empreitada, conforme o potro bandeava, ele, com o dedão do pé escrevia na areia: até aqui o Laquicho vai bem.
Gostei do causo, que resumi acima e pensei com os meus botões: quem conta um causo bem bolado assim é mesmo um bom contador e pus na cabeça que faria uma pesquisa para averiguar. A pesquisa somente foi iniciada em 1986 e depois de muitos percalços o livro lançado em 1998.
Trata-se de uma obra que mescla realidade com causos, porque percebi que as narrativas de Laquicho, por mais imaginativas que fossem ancoravam-se sempre no real, na vida, na natureza, nos costumes existentes. Assim, entremeando a história com a ficção, nasceu o livro no qual foram recuperados ao menos 83 causos, alguns deles provavelmente de outros autores, mas que foram atribuídos ao Laquicho, graças a sua fama de bom contador.
Os causos de Liberato Leite de Farias, o Laquicho, são marcantes, tão marcantes que, como afirmei, consegui recuperar uma boa quantidade deles quarenta anos após a sua morte, entrevistando pelo menos 25 personalidades douradenses, na maioria jovens ou crianças à época
No próximo dia 10 de abril, sábado, às 20 horas, na sede da Academia Douradense de Letras, no Parque dos Ipês, espero você, caro leitor, para conhecer a obra e participar, se interesse houver, de uma roda de causos.
Seus comentários são bem vindos: biasotto@biasotto.com.br
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VoltarSer convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria
A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.
Abrir arquivoNossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.
Abrir arquivoO livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.
Abrir arquivoEsta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política
Abrir arquivoEsse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.
Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.
Abrir arquivoMomentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.